segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu cursei Elementos da Prática Educacional ali na UnB. E?

      E um monte de coisas. Já contei pra vocês que eu sou psicóloga, certo? Pois é. E minha primeira graduação foi licenciatura também. E eu queria morrer quando vi que tinha que cursar essa disciplina. "Céus! De novo?!".
      Gente, mas é no mínimo interessante entrar numa graduação quando você já fez outra. Seu olhar sobre os conteúdos parece estar mais treinado, maduro. E foi interessante fazer essa disciplina, em especial, porque eu vim de uma formação bem, bem tradicional na graduação anterior. A possibilidade de desconstruir, rediscutir modelos educacionais... Pra mim foi novidade discutir essas coisas numa graduação, ainda mais no primeiro semestre. Eu me achava uma louca por pensar como penso no meu curso passado! Dessa vez, me senti mais em casa. Nada maish goshtoso, né?!
     Não sinto vontade agora de me repetir em tudo o que já disse antes aqui. Não quero propor revoluções (quero sim, mas não nesse texto). Gostaria apenas de dizer que, agora, admito o absurdo na educação. Admito o não-controle, a expressão, a horizontalidade da relação professor-aluno. Admito também minha ignorância sobre a prática, porque nunca fui, de fato, professora pra saber bem dos desafios. Deve ter um monte de utopia nas minhas ideias, mas gosto de pensar naquela história do Armandinho, sabe?! Aquela tirinha, gente! Olha aí embaixo: 


     Eu sei, eu sei. É piegas. É clichê. Mas quando eu souber algo diferente além de deixar que os seres humanos sejam seres humanos em toda a sua capacidade de ser ser humano, venho aqui propor pra vocês!


Conversando com coordenadores de escolas públicas

          Esta postagem tem autoria grupal. Ela parte da experiência de alguns colegas de faculdade (da Biologia. Lembram, né?!) que realizaram visitas e entrevistas com coordenadores de escolas públicas do Distrito Federal. A redação é minha, da Thaís Porfírio, da Larissa Oliveira, da Vitória Vilarinho, do Artur (sem "h") Morbeck, do Sérgio Myron, do Hudson Monteiro e da Ananda Souza, que na verdade é Sayori.

           So... Hey ho let's go!

Escolas visitadas: Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia, Paulo Freire da Asa Norte, Centro de Ensino Médio 02 do Cruzeiro e Centro de Ensino Médio 03 do Guará (Centrão).
Realizamos visitas às instituições supracitadas a fim de ouvir dos coordenadores suas impressões a respeito de questões que permeiam a rotina e educação das escolas onde trabalham. Importante esclarecer que a entrevista do CEM 02 do Cruzeiro foi realizada com o coordenador do PIBID de química em razão de o coordenador titular não ter tido tempo disponível.
A maioria das escolas atende alunos de classes sócio-econômicas de baixa a média. O orçamento, em duas instituições, envolve a articulação criativa dos gestores para o levantamento de verbas, como, por exemplo, a locação de um espaço do terreno para a instalação de uma antena de telefonia.
Observamos que três escolas entrevistadas não têm um projeto político pedagógico (PPP) sistematizado. A escola que dispõe de um PPP formalizado, o constrói em reuniões específicas para este fim e considera as demandas levantadas pelos professores. Além do PPP, três escolas desenvolvem outros projetos de forma planejada, como trabalho com hortas e feiras de ciências. A coordenadora da instituição que não sistematiza outros projetos relatou que ocorrem outras atividades de acordo com a demanda observada ao longo do ano letivo.
Os coordenadores que levantaram questões sobre a presença do PIBID elogiaram o trabalho desenvolvido pelos graduandos e percebem que estes auxiliam no processo de aproximação dos conhecimentos formais à realidade dos alunos secundaristas.
Foi unânime entre os profissionais entrevistados a opinião de que há um distanciamento que permeia a relação entre as escolas e a Secretaria de Educação (SEDF). Ouvimos queixas de que a SEDF propõe projetos que, idealmente, são promissores, mas que desconsideram a realidade de cada escola no momento da implementação. Os coordenadores não se percebem ouvidos e não se enxergam como parte ativa na fase de planejamento das propostas apresentadas pela SEDF. Uma das entrevistadas acredita que a secretaria usa de um “mau jeito” (sic) no momento em que executa seus projetos.
Um tema em especial que pareceu se aproximar mais intimamente da pessoalidade dos profissionais, foi a percepção da relação “cargo coordenador” com os professores. Os coordenadores, quando passam a ocupar este cargo, se comprometem com um olhar sistêmico e começam a receber demandas dos professores que precisam ser equalizadas entre si e entre as demais necessidades da escola. O que acontece, na percepção dos coordenadores, é uma resistência dos professores com relação às propostas que vem dessa equalização de necessidades da coletividade (o que inclui, obviamente, o olhar do próprio coordenador).
Dentre outros desafios da prática, os coordenadores observam que a violência, o uso de drogas, a ausência dos pais no processo educacional e o déficit de acompanhamento psicológico nas escolas prejudicam profundamente a qualidade do ensino e as relações entre os atores escolares. Por se tratar de um processo de grande complexidade, a escola necessita de profissionais de apoio “acessório”, por falta de um termo mais adequado. É claro que não se trata de problemas “de casa”, exclusivamente. Os alunos vivenciam problemas sociais que extrapolam os limites da escola, da família e do atendimento de serviços auxiliares, o que afeta diretamente o processo educacional.
Assim como comentamos durante a roda de conversa realizada em sala no último dia 02, conhecemos as limitações que a brevidade do contato com os coordenadores impõe ao nosso olhar. Não podemos dizer que o que expusemos, de fato, reflete a realidade da escola e também não sabemos se criamos o contato com os entrevistados da melhor forma possível, mas tivemos uma experiência que nos revelou que há muito a se investigar e a questionar. O que seria, tradicionalmente, alvo de críticas, como a ausência de um PPP sistematizado, pode ser tema de discussões para novos modelos de educação que nunca concebemos. Mas como uma escola continua funcionando sem um PPP? O que é “isto” que dá um norte ao processo educacional, mesmo sem um documento? Não pretendemos defender uma forma anarquista de se fazer educação (ao menos não ainda), mas essa experiência nos mostrou que a pluralidade de formas de conduzir a educação pode ser muito mais benéfica do que estamos adestrados a imaginar.


Público é coisa de pobre



     E tivemos esta visita ilustre de dois professores: um de escola pública e um de escola privada. Tô na dúvida agora se posso dizer o nome das pessoas aqui. Permanecendo a dúvida, vou preferir chamar os professores de Margarida e Gastão, respectivamente. 
    Vou ter de frustrar vocês e dizer que não cheguei no início da aula e perdi toda a fala da Margarida. Bom, sobre o Gastão... Gostaria de pular a parte da descrição e ir direto pra reflexão, pode ser? Pode não Pois bem!
     Eu ouvi nesta aula que um dos maiores problemas da escola pública, pasmem, não é falta de recurso financeiro. Parece que existe recurso quando o professor desenvolve propostas criativas e solicita recursos para a implementação das suas ideias. Como não tenho conhecimento disso, vou compartilhar com vocês somente minha desconfiança surpresa diante dessa informação. Já faz uns longos dez anos que deixei o Ensino Médio em uma escola pública do Gama-DF, mas me lembro BEM das limitações que tínhamos. "Ai, menina, que discurso de vítima". Não, não! Não me entendam mal. Não acho que a escola pública deve ser engolida pela doença do "o aluno que passar em primeiro em Medicina ganha um Corvette super transado". Não mesmo! Penso apenas que deveríamos ter condições de desenvolver uma educação condizente com nosso momento histórico e científico. 
     Quando eu estudava no Ensino Médio, sentia uma vontade enorme de me mudar para uma escola particular aqui de Brasília porque ela parece a Casa Branca. Sabe aquelas colunas de estilo georgiano (?)? Então! É a fachada da tal escola. Mas eu tinha só 13 anos quando entrei no Ensino Médio (que droga!). Nem tinha ideia do terror psicológico da pressão que os estudantes de boa parte das escolas particulares sofrem. A educação, na esfera privada, vira produto. E produto bom é produto requintado, com propaganda, com resultados, com menino passando no vestibular da Universidade Federal, com alunos prodígio... Gente, ter recursos pra estudar deve ser maravilhoso. Sem qualquer ironia que posso expressar por este recurso, acho que não posso negar o quão bom pode ser não ser materialmente limitado no processo de aprendizagem. [Se bem que tem aquela coisa da criatividade... Deixa pra lá]. 
     No fim das contas, quero apenas levantar minha bandeira de crítica a esta obrigação de instrumentalização do saber. Conhecimento "meramente" formativo parece não ter lá muito status nos banners de propostas educacionais. A gente estuda para passar no vestibular, para ter um emprego que ganhe bem, para aposentar cedo e com uma boa pensão, para sermos velhos que desejariam ter uma vida com um pouco mais de sentido. Peraí, gente! Alguém mais tá vendo isso ou ando meio doida sozinha? 

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor

E esse bla bla bla todo que faz muito sentido pra mim!

Link de Epitáfio dos Titãs
http://www.youtube.com/watch?v=zTVtlGUD8KE

Mas de que me serve essa escola?

Hoje tem visita na aula

Em 09 de setembro deste ano, recebemos a visita do professor Antônio na aula de nossa disciplina (que disciplina? Essa aqui). Ele é professor da SEDF e ministra aulas ao EJA do Ensino Médio no turno noturno. Ele também leciona em uma escola particular de ensino regular. Muita conversa e uma reflexão, minha.
Ao construir  ideias sobre as metas da educação, discutimos, rapidamente, acerca da função dos conhecimentos que adquirimos no processo educacional. Sem recorrer a nenhuma referência além da experiência para fundamentar o que vou afirmar agora, parece haver um viés utilitarista quando falamos sobre os porquês de se buscar conhecimento. Por alguma razão, essa ideia me incomoda profundamente. Tal discurso parece suscitar uma concepção de que co-construir cidadãos conscientes e críticos não tem um impacto pessoal e social tão favorável quanto fabricar técnicos hábeis e úteis ao bom funcionamento das engrenagens da máquina de produção. Isso me faz pensar que talvez estejamos mais impregnados do ideal industrial do que gostaríamos, mas agora travestido de discursos ideológicos de realização pessoal tão bem desenhados que parece ridículo dizer “mas espera aí! Então quer dizer que se eu não puder demonstrá-lo em produtos, de nada serve meu conhecimento?”. Isso me parece demasiadamente torpe e temo que um ideal de vida, a meu ver, tão vazio de sentido seja reproduzido e reforçado exatamente nos espaços onde poderia ser ricamente problematizado, como nas escolas e universidade.

O sabor de saber

     Como podem ver, eu não sou boa com desenhos. Mas é que vi esse vídeo, esse e esse e não consegui pensar em nada melhor para traduzir o ódio dessa educação massificante as sensações que eles me suscitaram. Os vídeos mostram alguns educadores expoentes, dentre eles o Rubem Alves.
    A favor das dúvidas! A favor da incerteza no conhecimento! A favor disso aqui (o site não separa o link por locais, então clique em "Textos" e depois em "Educação na era planetária").
 

Ser professor de Biologia: Impressões de quem vai chegar lá



  Escrevo com esta fonte porque me lembra máquina de escrever. E eu gosto.
Só pra vocês saberem, eu sou uma estudante do primeiro semestre do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade de Brasília - UnB. Esta é minha segunda graduação, já cursei Psicologia antes. Eu não sei o que estou fazendo aqui, mas gosto do que vejo.
Esta postagem foi escrita em razão de uma proposta apresentada pelos professores da disciplina "Elementos da Prática Educacional". Preciso dizer o que penso sobre o compromisso ético de ser professor de ciências, de Biologia. Vamos lá...
O professor tem uma função social que ultrapassa a formação intelectual das pessoas. Ele interfere na forma de pensar, na construção de ideias e em como o indivíduo experimenta as vivências diárias. Especificamente na Biologia, o ensino esbarra em questões envolvidas na percepção de eu do sujeito. Toca as crenças, a religião, a noção de origem e pertença, descontrói simbolismos que compartilhamos socialmente e que herdamos em nosso imaginário há séculos. Mas tocar em conhecimentos que contribuem para a sensação de integridade do outro me parece uma tarefa muito delicada. As informações das quais a ciência compartilha chega a um aluno que é, também, ser individual. Essas informações não são simplesmente absorvidas e gravadas por ele, elas são integradas por esse sujeito que tem uma historicidade, e o sentido da informação será completado por esse indivíduo que é parte ativa do processo educacional. 
Acredito que o grande desafio do professor neste processo é precisamente ter a habilidade de dialogar com a subjetividade desses tantos outros que estão diante dele enquanto alunos. Trata-se não matar o potencial criativo e contribuidor do aluno em troca da formação de reprodutores de discursos ideológicos previamente estabelecidos. Até onde vai minha compreensão, uma educação que desconsidera a alteridade é mero adestramento.